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DACS com La Croix International | 23 Jun 2022
Alta costura e o clero católico
À medida que a Semana de Moda Masculina se desenrola em Paris, a linguagem do estilo também se aplica às vestes religiosas e litúrgicas.
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  © JEAN MICHEL MAZEROLLE/CIRIC

O Papa Francisco expressou a sua preocupação com os padres que gostam de se vestir com renda. E um arcebispo na França lembrou recentemente aos seus seminaristas que não devem usar batina.

A Semana da Moda Masculina está em andamento em Paris (21 a 26 de Junho). E enquanto sobrepelizes de renda e batinas à medida não serão exibidos durante o tão celebrado evento na capital francesa, há padres e seminaristas católicos em algumas partes do mundo que têm uma propensão ao estilo.

“A roupa não se entende fora de uma determinada época. Não seguir os tempos já é moda”, explica o frade dominicano Alberto Fabio Ambrosio, professor de Teologia e História das Religiões da Escola de Religião e Sociedade de Luxemburgo.

 

A linguagem da roupa

A maioria das pessoas conhece a máxima “o hábito não faz o monge”. Mas muitos esqueceram o resto do ditado, “mas reconhecemos o monge pelo hábito”.

Por outras palavras, as batinas – que variam de €200 a €500 a peça – são apenas um sinal de que as pessoas que as usam são clérigos… ou talvez seminaristas.

“Numa sociedade laicizada e secularizada, a geração jovem pode expressar o desejo de identidade através de uma fantasia perdida, símbolo de reviver o passado”, explica Frei Ambrosio, mas não na arquidiocese de Toulouse, na região sul da Occitânia.

“Usar a batina não é permitido no seminário, é a lei em vigor”, disse recentemente o arcebispo Guy de Kerimel aos seus candidatos ao sacerdócio. E como ninguém deve ignorar a lei, “perdemos um pouco o sentido da linguagem do vestuário”, sublinha Ambrosio.

“Embora a moda acabe por influenciar qualquer peça de roupa, esta ainda tem significado”, argumenta.

Assim, parece que os padres que vestem uma simples camisa preta ou cinza com cabeção branco são mais da “tendência do Papa Francisco” do que aqueles que se vestem no colete mais formal com cabeções largos.

Esta é uma “linguagem” que pode ser ainda expressa através de acessórios, como o tamanho, a forma ou o material da cruz na lapela de um casaco.

“Quando o Papa Francisco denuncia as sobrepelizes de renda, está a convidar os padres sicilianos para uma moda mais de acordo com o Vaticano II, que vigora há sessenta anos”, explica Frei Ambrosio, que escreveu uma reflexão sobre a teologia da moda (Théologie de la Mode, Ed. Hermann, 2021).

Embora existam poucas palavras de autoridade sobre moda, Pio XII deixou um texto reconhecendo o valor, mas também as armadilhas, da moda, durante um encontro em 1954 com mestres alfaiates.

“As pessoas esforçam-se para se distinguirem na maneira de se vestir, por algum traço pessoal e característico”, disse. “De maneira significativa e permanente, a indumentária expressa a condição da pessoa... manifesta ao mesmo tempo o que liga o indivíduo a certas classes sociais e o que, dentro desses próprios grupos, confere ao indivíduo uma posição especial”, adicionou.

O mesmo Papa fez outro discurso sobre moda três anos depois.

“O cristão, seja ele criador ou cliente, deve ter cuidado para não subestimar os perigos e a ruína espiritual espalhadas por modas imodestas, especialmente aquelas usadas em público”, disse a participantes de uma conferência de moda em 1957.

 

Moda modesta

Isso significa que existe uma “moda cristã”?

São Paulo disse ao seu discípulo Timóteo que “do mesmo modo, as mulheres usem trajes decentes, adornem-se com pudor e modéstia, sem tranças, nem ouro, nem pérolas, ou vestidos sumptuosos” (1 Tm 2:9).

Essa abordagem não é totalmente “antiquada”: a sua última expressão é a de “moda modesta” vinda dos evangélicos americanos, assim como o uso de um véu que algumas jovens cristãs exibem, principalmente nas redes sociais.

Quando haverá um desfile de moda cristã de acordo com o calendário litúrgico?

“A moda retoma uma retórica cristã de novidade, de criação”, explica o teólogo dominicano. “Cristo é a novidade”.

Muitos se lembrarão das vestes litúrgicas que o estilista marroquino-francês Jean-Charles de Castelbajac (também conhecido como JC/DC) produziu em 1997 para a Jornada Mundial da Juventude em Paris.

E agora, com várias Semanas da Moda a acontecerem nas próximas semanas em várias partes do mundo, a visão de Frei Ambrosio é mais cautelosa.

“A alta costura cria o sonho da semelhança e a ilusão de uma moda democrática. Mas há apenas três mil mulheres no mundo que podem aceder a essas criações”, sublinha.

 

Esplendor e luxo

As roupas religiosas talvez façam parte de um período de tempo mais longo do que a moda Outono-Inverno. No entanto, evoluem. Formas, cores e estilos mudam continuamente na indústria do vestuário.

“Desde o Concílio de Trento e da Contra-Reforma, a pompa e o luxo das vestes litúrgicas desenvolveram-se como contraponto à sobriedade protestante”, explica Frei Ambrosio.

“Casulas sumptuosas expressavam a riqueza da Igreja”, observa.

E hoje isso significa uma certa mudança de uma Igreja mais pobre, mais simples, que ainda está vestida de magnificência. Quanto tempo até ao clero ser vestido por Coco Chanel?

Artigo de Christophe Henning, publicado no La Croix International a 22 de Junho de 2022.

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