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“É difícil expressar em poucas palavras tudo o que o Cardeal Zen representa para mim e incorpora na diocese de Hong Kong”, diz uma assistente social católica em Hong Kong numa conversa através de mensagens criptografadas.
“Generoso, sábio, justo e benevolente são as palavras que me vêm à mente espontaneamente. Entre os jovens, nós chamamos-lhe carinhosamente de «avô», sinal de grande respeito e amor”, diz a jovem.
Quando soube que o “seu” cardeal tinha sido preso a 11 de Maio e estava a enfrentar uma pena de prisão muito pesada, ficou “chocada e zangada com o absurdo”.
Também esteve muito envolvida nas grandes manifestações pró-democracia de 2019. “Como é que as autoridades podem acorrentar um homem tão bom e comprometido, que encarna o amor e a paz?”, questiona.
Aos 90 anos, Joseph Zen viveu a história atormentada da Igreja na China.
Nascido numa família católica em Xangai em 1932, fugiu da China com os seus pais durante a guerra. Frequentou uma escola católica em Hong Kong e depois entrou no seminário na Itália e tornou-se membro dos Salesianos de D. Bosco.
Foi nomeado superior provincial salesiano da China por seis anos (1978-1984), nomeado bispo coadjutor de Hong Kong em 1996 e bispo da diocese em 2002 (da qual se aposentou em 2009). Bento XVI nomeou-o cardeal em 2006. Zen foi o primeiro padre chinês a ensinar em vários seminários chineses quando a República Popular da China se abriu ao mundo exterior na década de 1990.
“Algumas pessoas acusaram-me de «colaborar com o inimigo», mas eu tinha uma missão a cumprir para os meus irmãos chineses”, lembra.
Certamente nunca foi unânime na diocese de Hong Kong quando foi consagrado bispo em 2002.
Hong Kong retrocedeu para a China em 1997 e os primeiros sinais de infiltração comunista na sociedade de Hong Kong já se faziam sentir.
“Foi nessa época que ele começou a falar abertamente, para alertar contra o sistema enganoso de repressão da China comunista”, lembra um padre ocidental.
“E isso não agradou a muitos em altos cargos, já que o Vaticano queria reaproximar-se de Pequim”.
Apesar das ameaças chinesas, Zen está envolvido em todas as lutas para defender a democracia, a justiça e as liberdades individuais e religiosas, que estão a ser progressivamente ameaçadas em Hong Kong.
“O cardeal nunca deixou de se comprometer em servir os pobres, os marginalizados, a dignidade humana e as crenças democráticas”, diz Eric Lai, sociólogo católico de Hong Kong da Universidade de Georgetown, em Washington.
“É bem-humorado e compassivo e enquadra-se na categoria de bispos que estão a lutar contra regimes autocráticos em todo o mundo”, sublinha Lai.
“Quando ele foi preso, a diocese emitiu uma declaração muito discreta, que ilustra o medo da diocese de ser vista de forma desfavorável pelas autoridades chinesas”, diz ele com desaprovação.
Aos olhos de Lai, o cardeal Zen é “corajoso” e nunca teve medo de dizer o que pensa.
“Muitas pessoas pensam que é bom pregar o amor, o diálogo e o perdão, «amemo-nos uns aos outros». Está tudo bem, mas no contexto actual não é suficiente”, disse o cardeal ao La Croix numa entrevista exclusiva durante os protestos de 2019.
“No entanto, quando um lado oprime o outro e diz que está pronto para matar manifestantes, não é realmente um momento para diálogo. Antes de ser morto, é preciso gritar e protestar”, disse então.
“Do lado católico, estamos muito divididos e as palavras oficiais da hierarquia local continuam muito cautelosas”, acrescentou.
É por todos os seus compromissos que o Cardeal Zen, a “consciência de Hong Kong”, arrisca hoje uma pena de prisão muito pesada.
Artigo de Dorian Malovic, publicado no La Croix International a 24 de Maio de 2022.
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