“Há uma dificuldade em enfrentar a minha própria responsabilidade”. Assim se manifestou em Lisboa o jesuíta Hans Zollner, destacado membro da Pontifícia Comissão para a Protecção dos Menores, durante a apresentação dos resultados iniciais da Comissão que investiga a questão em Portugal.

Para o especialista, “há algo na cultura católica que torna quase impossível dizer «admito que errei e assumo a responsabilidade, renuncio, faço penitência»”.

À custa do sofrimento

Zollner elogiou o “bravo passo em frente” que Portugal deu com esta investigação e denunciou os “mecanismos” de defesa de algumas instituições eclesiais “às custas” do sofrimento das vítimas.

“É algo que não consigo entender racionalmente, porque é que fazemos com que seja tão difícil enfrentá-lo”, sentenciou, segundo a agência Efe.

Valorizando os trabalhos iniciados no país português, salientou que “tem existido um esforço muito sério para constituir a comissão e preparar os trabalhos”, reunindo especialistas de diversas áreas.

Além disso, esta equipe não apenas irá recolher dados sobre as vítimas, mas uma equipa de historiadores e arquivistas está a investigar os arquivos das dioceses, algo a que nenhum prelado se recusou.

Artigo de Mateo González Alonso, publicado em Vida Nueva Digital a 11 de Maio de 2022.