I DOMINGO DA QUARESMA, ANO A

Em cada Primeiro Domingo da Quaresma, o Espírito toma-nos pela mão para nos levar para o deserto. Deixemo-nos conduzir pelo Espírito Santo: é a atitude mais importante, o primeiro passo para sair vitorioso perante as tentações.

TREINAR O JEJUM

Um caminho central é-nos proposto em cada Quaresma. Nele existem três pontos de passagem: o jejum, a oração, a esmola. Este ano, com esta ‘série’, vamos aprofundar a be­leza desse caminho central, focados nos três pontos de passagem, que designamos de «Pontos de Esforço»: jejum, oração, esmola.

Hoje, apreciamos o jejum. O pró­prio Jesus, no início da sua missão, diz-nos o evangelista, sujeitou-se a quarenta dias de jejum. Um núme­ro simbólico também associado a este tempo litúrgico: Quaresma são quarenta dias, quer dizer, uma tem­porada que nos é oferecida como treinamento para a Páscoa.

O jejum é também um modo de preparação, pois o objetivo é a vitória pascal. O jejum, que, no caso de Jesus, antecedeu a vitória sobre as tentações, surge agora, para nós, como um exercício de coragem, nes­ta primeira etapa quaresmal.

O primeiro ponto de esforço, o jejum, diz respeito ao corpo, mas não se limita apenas ao corpo, pois o foco está no treino espiritual. Não jejuamos para perder peso e obter uma determinada silhueta corporal. Curioso é que, nos nossos dias, se quase desapareceu da nossa práti­ca espiritual, cada vez mais aparece como sugestão de ordem terapêu­tica e dietética. Quem é que ainda não ouviu falar do jejum intermiten­te, por exemplo.

A finalidade do jejum quaresmal é outra: experimentar a fome biológi­ca para perceber a fome mais pro­funda, a fome da palavra de Deus. Diz Jesus ao tentador: «Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus». A fome de pão ajuda-nos a descobrir o alimento da palavra de Deus.

A privação de alimentos é um treino inicial que nos pode ajudar a imple­mentar outras experiências vitais de jejum. São tantas as coisas que, sem darmos conta, nos estão a impedir de acolher a novidade da presen­ça de Deus. Qualquer que seja a preferência, há de ser sempre algo de que gostas e que tenha forte impacto na tua vida. Como vai ser o teu jejum quaresmal?