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Colaborador | 17 Abr 2011
IGREJA, CASA DA PAIXÃO PELOS JOVENS
Homilia de D. Jorge Ortiga no Domingo de Ramos.
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Igreja, Casa da Paixão pelos Jovens

Domingo de Ramos - 2011

 

            Iniciamos a Semana Santa com o Domingo de Ramos ou da Paixão. No início do tempo quaresmal, e fixando-me no Programa Pastoral, apelei ao empenho das comunidades e dos cristãos para que a Igreja bracarense se tornasse Casa da Palavra. Sendo hoje o Dia Mundial da Juventude, o Evangelho narra a Paixão do Pai pelo seu Filho, Jesus Cristo. Paixão é a palavra que caracteriza o mistério de Cristo e dos jovens de todos os tempos.

Mas o presente e o futuro da juventude parecem estar assombrados pela incerteza e pela desesperança. Não posso esquecer neste dia a situação de muitos jovens. Não é possível deter-me em todos os problemas. Fixo-me na ausência de trabalho com as suas consequências nefastas. Há questões muito preocupantes às quais não poderemos ficar indiferentes.

Foco, particularmente, o aumento do desemprego entre os jovens com ensino superior e a precarização do trabalho que assume muitos e diferentes contornos. A flexibilização do trabalho, o emprego precário, a impossibilidade de comprar habitação, são factores que estão adiar a possibilidade dos jovens constituírem família e o seu próprio lar. Sabemos que sem emprego não é fácil dar passos estruturantes e organizar o dia de amanhã. Sem um trabalho digno não há futuro, esperança nem vida com sentido.

         A Igreja será autêntica “Casa” para os jovens se gerar neles a esperança e a vontade de viver. Torna-se imperioso dinamizar as nossas comunidades de modo que os jovens encontrem aí espaço para que, conscientes das diversas paixões que afligem o seu quotidiano, sintam que lhe oferecemos um amor apaixonado. O Evangelho testemunhado na comunidade crente oferece uma proposta capaz de dar sentido ao seu amanhã, para que este não seja tão sombrio como o presente.

Caríssimos jovens, é neste contexto que a Igreja quer ser “casa das vossas paixões”, quer acolher e escutar as vossas angústias e incertezas para edificardes a vossa vida segundo os valores da paz, da verdade e da fraternidade. Nesta hora e neste dia, convido-vos a pensar até que ponto o crescente afastamento dos valores cristãos não terá gerado o estado das coisas em que vivemos. A sociedade moderna pretendendo engrandecer o homem, ao colocá-lo no centro do mundo, acabou por reduzi-lo a um mero instrumento de produção mecânica. Sem referência a Deus, a economia, o mercado, as políticas laborais, a legislação familiar criaram uma sociedade artificial, sem fundamento suficiente e, por isso, incapaz de dar resposta aos problemas humanos. A história confirma isto mesmo e o futuro virá demonstrar idêntica conclusão se continuarmos neste caminho.

         Também o Santo Padre, na sua mensagem para este Dia Mundial da Juventude, alerta para “uma espécie de “eclipse de Deus”, uma certa ausência, ou até uma verdadeira rejeição do cristianismo e uma negação do tesouro da fé recebida, com o risco de perdermos a própria identidade profunda”. “Há uma forte corrente de pensamento laicista que pretende marginalizar Deus da vida das pessoas e da sociedade, perspectivando e tentando criar um “paraíso” sem Ele. Mas a experiência ensina que o mundo sem Deus se torna um “inferno”: prevalecem os egoísmos, as divisões nas famílias, o ódio entre as pessoas e entre os povos, a falta de amor, de alegria e de esperança.”

         Sofrendo com as paixões da juventude, a Igreja tem compaixão sempre que anuncia a alegria do encontro com Cristo, eternamente jovem, lhes coloca as grandes questões da vida, faz caminho com eles nos seus projectos e opções e os alimenta espiritualmente com a Palavra de Deus e com o testemunho de vida.

A segunda leitura fala-nos do exemplo de Cristo que assumiu a condição de servo aniquilando-se a si mesmo. Para que a Palavra chegue aos jovens a Igreja deve tornar-se verdadeiramente “serva”, aniquilando esquemas tradicionais, e percorrer os lugares onde os jovens de hoje estão presentes. Não em busca da sua conversão imediata mas em jeito de proposta de ajuda fraterna e amiga.

Há verdadeiros desertos onde a Palavra ainda não chegou. Importa colocar aí a Palavra para que a juventude “enraíze” e “edifique” a sua vida segundo os critérios da Boa Nova. Deste modo voltaremos a presenciar uma juventude apaixonada por Cristo e “firme na fé”, razão de toda a nossa esperança, presente e futura. Se a Igreja, nas suas comunidades, deve percorrer os caminhos dos jovens, os três anos dedicados à palavra, a comunicar em autenticidade e de modo novo, são um apelo a que os jovens percorram os caminhos da Igreja dando-lhe vitalidade.

         Que a Semana Santa se torne um verdadeiro convite para fazer da Igreja diocesana uma autêntica Casa da Palavra, na escuta atenta e apaixonada da vida dos nossos jovens, ajudando-os a discernir os caminhos novos da missão e da esperança no mundo.

         Neste Dia Mundial da Juventude não posso deixar de pedir orações pelo bom resultado da Jornada Mundial da Juventude, onde irão participar mais de 400 jovens da nossa diocese, que já estão a preparar-se para que, como diz o santo padre, “Cristo os torne firmes na fé através da Igreja”. “A Qualidade do nosso encontro dependerá sobretudo da preparação espiritual, da oração, da escuta comum da Palavra de Deus e do apoio recíproco”.

Peço ao Senhor para que estas Jornadas Mundiais da Juventude nos proporcionem o dom de termos Equipas da Pastoral Juvenil em todos os arciprestados, compostas por jovens que enraízam e edificam a sua vida em Cristo e caminham “firmes na fé.

 

Sé Catedral, 17 de Abril de 2011

  

Jorge Ortiga, A.P.

 

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