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ANO PASTORAL
"Juntos no caminho de Páscoa"

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D. Jorge Ortiga | 30 Jul 2007
Para uma Pastoral integrada
Encontro com arciprestes: preparar ano pastoral 2007-2008
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1.“A desejada reforma de toda a Igreja em grande parte depende do ministério sacerdotal animado pelo Espírito de Cristo” (O.T. Introdução);
2.Nunca poderemos pensar que seja possível elaborar programações pastorais por uma “vanguarda” cultural que depois o Povo de Deus deve procurar/tentar aplicar. Só na comunhão eclesial, através duma responsabilidade própria insubstituivel, se consegue discernir o que é vontade de Deus no duplo sentido daquilo que agrada a Deus (cf. Rom. 12, 2) e o que necessário fazer-se (Fil. 1, 10);
3.A Pastoral da Igreja, hoje, deve ser “integrada”, no sentido do Papa Bento XVI: “integrar num único caminho pastoral os diversos operadores pastorais e as diversas dimensões do trabalho pastoral” (31 de Agosto de 2006);
4.Torna-se imperioso acolher um “princípio unificante”, ou seja, um “único caminho pastoral”.
4.1. Para isto, necessitamos de olhar para as “raízes místicas”, ou seja, só uma correcta interpretação duma eclesiologia de comunhão proporcionará um trabalho com futuro;
4.2. A comunhão é dom de Deus e obra da Sua iniciativa. Nasce da participação dos homens na mesma comunhão trinitária mas leva os homens a uma nova relação com os outros. Daí que a comunhão seja invisível e visível.
Invisível – como exigência duma comunhão de cada pessoa com o Pai por Cristo no Espírito Santo;
Visível – como comunhão na Palavra, na doutrina dos Apóstolos e na Ordem hierárquica.
Só esta ligação entre o visivel e o invisível realiza a sacramentalidade da Igreja. É impensável introduzir na comunhão com Deus através duma modalidade e estilo de vida marcado pela divisão e desintegração. A graça de Deus supõe e exige a cooperação da nossa liberdade.
4.3. Daí que a pastoral integrada radica, antes de tudo, numa libertação do próprio egoísmo, da vontade pessoal e do desejo de auto-afirmação. Certos comportamentos tornam a pastoral unitária não só difícil mas impossível.
5.Conteúdos desta pastoral integrada/unitária
5.1. Integração dos agentes de pastoral
Um dos frutos mais maravilhosos do Concilio Vaticano II foi a redescoberta do presbitério apresentada como comunhão mistica-sacramental (imposição das mãos) e visível-canónica (como união entre si e com os bispos para participar na missão de apascentar uma porção do povo de Deus (Cf. L.G. 28 e 29; P.O. 7 e 8).
A Lumem Gentium (28) apresenta o Presbitério como “Presbiteri... unum presbyterium cum suo episcopo constituunt”. Isto manifesta que o presbitério não é uma “associação” diocesana” ao lado do Bispo como tantas outras, trabalhando com maior ou menor fidelidade. Ontologicamente existe “cum suo episcopo”.
5.2. Esta unidade deve tornar-se visível sempre com alguns momentos que a realçam: Quinta-feira Santa e Ordenações.
5.3. Momentos que a frutificam: retiros (anuais e nos momentos fortes) e Palestra. Devem tornar-se qualitativamente elevados no conteúdo e na vivência.
5.4. Trata-se de “ser” em comum para “agir” em comum. Teremos de possuir uma “convergência e linha comum” nestas duas dimensões.
5.5. Isto quer dizer que nunca poderemos pensar uma Igreja Particular sem o Bispo mas o Bispo só é pensável com o seu presbitério. Daí que a pastoral integrada/unitária não é uma questão de eficiência ou consequência da crise das vocações mas necessidade teológica ou exigência ontológica da qual tudo depende.
5.6. A comunhão integra todos os baptizados e faz com que os sacerdotes não ousem fazer sozinhos. Ele nunca pode ser um “solista”. Tem necessidade de suscitar, estimar e integrar outros operadores pastorais acreditando que é igualmente importante o “fazer” como o “delegar”, numa confiança absoluta de quem reconhece uma dignidade comum na vocação e missão. Somos igualmente discípulos e missionários.
5.7. Esta “integração” dos leigos na pastoral acentua-se em duas dimensões, a partir dum empenho concreto: consciência diocesana onde o bispo é comum pastor, e a alargar a missão a todos os homens deste tempo e fazer com que o Evangelho chega a todos os indiferentes e agnósticos, ou seja, às pessoas que procuram Deus mesmo sem o saber.
Sem esta dupla perspectiva de acção, a pastoral perde o encanto e deixa de ser católica.
6.Pastoral que integra todas as dimensões
6.1. Uma solidariedade efectiva com a humanidade sugere que a acção pastoral comprometa a razão ao serviço da fé e a fé ao serviço da razão. A modernidade supõe não só a compatibilidade entre as duas dimensões mas a necessidade recíproca. Ambas expressam uma ontologia existencial que nunca poderemos ignorar. Urge pensar mais e tornar a pastoral mais “racional” e menos fruto de improvisações;
6.2. A fé é, antes de mais, acolhimento dum dom. Deus que toma a iniciativa e se oferece num arco-íris de manifestações a descobrir como originalidade da vocação cristã e em todas as vocações. O sacerdócio é campo repleto destes sintomas que, com facilidade, desprezamos. O essencial está aqui. Urge inverter, individualmente e comunitariamente, neste sentido.
A família é o outro mundo existencial onde o excesso do dom divino emerge com eloquência. Somos corresponsáveis por esta redescoberta.
6.3. A razão conduz-nos ao compromisso numa lógica simples de amor que reclama partilha de quanto se acolheu. O compromisso não é repetitivo. O cenário da vida sacerdotal e familiar (as duas dimensões que selecciono) é um desafio à criatividade. Aqui há caminhos que teremos de percorrer e opções que não são facultativas.
Este dom-compromisso vislumbra-se em todas as dimensões da Pastoral: Catequese, Liturgia, acção social e comunhão. Podemos falar de prioridades mas tudo se integra num conjunto unitário. “Campos de guerra” isolados podem parecer portadores de paz e tranquilidade. Mesmo que muito bem estruturados, sem uma rede de interdependência constante caminham para a frustração. A unidade encoraja, uns vivem em função dos outros e através da vitalidade recíproca. Enriquecemos se agirmos em sistema de vasos comunicantes.
Neste inter-agir a família é a preferência motivadora. Terá de estar em todas as dimensões que oferecem um contributo imprescindível à pastoral familiar. Esta só por si não existe. Só assim o Programa Pastoral deixará de ser um conjunto de boas intenções.
Daí que este ano deve ser de propostas bem concretas. A utopia comanda a vida e com o sonho progredimos; o medo fecha-nos e corta as asas.
Aqui veremos como muita novidade deve ser encontrada.
Nesta pastoral integrada, o “colégio” episcopal apenas quer ser “coração” duma família na dupla actividade de sístole e diástole. Congregamos e enviamos, a todos e a cada um, procuramos mostrar o rosto de um Pai que ama duma maneira única e que quer contar com cada um.
Ourense, 16.07.2007
+ D. Jorge Ortiga, A. Primaz

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