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+ Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz | 1 Fev 2004
A vida consagrada na e para a cidade
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A vida consagrada na e para a cidade Gostaria de integrar a celebração do Dia dos Consagrados, deste ano, no acontecimento eclesial das Visitas Pastorais à cidade de Braga. Os nossos objectivos foram sintetizados no desejo de ser Igreja na cidade e para a cidade. Que dirá isto à Vida Religiosa? Houve um tempo em que se fazia consistir a vida consagrada com a ideia de “Fuga” do mundo. A sua especificidade residia no viver só para Deus quase que no desprezo pelas realidades criadas. Pretendia-se, deste modo, antecipar a vida futura para testemunhar que “só Deus basta”. Sem perder a sua dimensão escatológica teremos de ir mais além, fazendo com que os dinamismos mais íntimos “partam de Cristo” mas provoquem incidência na sociedade. Perscrutar a história da Igreja significa encontrar-se com múltiplas influências benéficas no concreto da sociedade. Exagerando poderemos afirmar que a arte, a cultura, a arquitectura, o cultivo dos campos, a culinária tiveram uma origem conventual. Tudo nascia da intimidade com Deus e, nunca saindo do mosteiro, os frutos amadureciam em benefício do mundo. Hoje deve subsistir a mesma lógica com repercussões diferentes. Também o secularismo hodierno exige uma audaz paixão por Cristo através dum testemunho de coerência com o eterno. Simultaneamente, impõe-se não uma resignação perante os caminhos adversos que o mundo percorre, mas uma serena e autêntica paixão pelo mundo. Trata-se dum binómio que nem sempre se consegue interpretar. A vida religiosa deve testemunhar a fecundidade do silêncio através duma vida marcada por um humanismo pleno que cria raízes em tudo quanto pertence ao contexto social para o qual somos enviados. Nunca poderemos contentar-nos em ficar escondidos e temerosos por detrás das “grades” do convento. Pertencemos a uma Igreja aberta que, repousando a cabeça somente no ombro do Senhor, encontra-se com os enigmas e perplexidades do mundo. São muitas as casas de religiosos e religiosas existentes na cidade. Torna-se urgente perguntar o que oferecem à cidade e ao projecto salvador que a Igreja deve protagonizar. Não podem ficar à espera que a cidade as procure. Serão poucos e, por vezes, motivados por razões de interesse naquilo que lhe poderão dar. Partindo de Cristo urge discernir um encontro de quem deixa as comodidades para ouvir os sofrimentos. Habituados a ouvir a voz de Deus, deveriam ser capazes de ouvir a voz dos homens. Numa sociedade marcada pela lei da procura e oferta, num grande supermercado onde nada falta, só temos uma hipótese: testemunhar que o transcendente é mais rico e plenificante que o meramente materialista. Recordo as palavras de S. Agostinho (Sermão 313). “Deus cala, porém falam as suas obras”. Que nos comunica este pensamento? Poderei ser injusto e não considerar as verdadeiras condições das nossas comunidades religiosas. Acontece, porém, que, por vezes, me encontro a pensar que o seu dinamismo apostólico e pastoral poderia ser mais evidente. Reconheço a importância das obras em benefício das crianças, jovens, idosos, doentes mentais, mundo da cultura. Será utópico agradecer um trabalho de discernimento para optar por actividades pastorais de índole diocesano ou paroquial sem prejudicar o específico de cada carisma? Parece-me que o enriquecimento seria mútuo. Numa renovação da pastoral urbana, vejo, ainda, os consagrados a promover iniciativas evangelizadoras na linha de acções específicas. A origem das Congregações situa-se numa resposta do Espírito – Carisma – a uma situação concreta. Hoje são variadíssimos os campos que exigem uma intervenção especializada. Daria graças a Deus se do vosso discernimento comunitário surgissem respostas inovadoras. Que o Espírito não permita uma vida na inércia e no repetir o mais fácil. Em dia da Senhora da Luz que a vida religiosa seja luz para a cidade de Braga. 01.02.2004 + Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz
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