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D. Jorge Ortiga | 25 Nov 2008
A mudança na pastoral
Conselho Presbiteral
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Há realidades suficientemente evidentes para serem desconsideradas. A mudança cultural, acontecida e a acontecer no agora histórico, situa-se neste âmbito. Todos a reconhecem, só que nem todos têm em consideração, o que a mesma supõe e exige. Urge, por isso, tirar conclusões e não sonhar com o passado. Aceitamos o presente e alegramo-nos com a responsabilidade de evangelizar e edificar nestes tempos que são os nossos.
Perante a mudança cultural, impõe-se a mudança pastoral. Habituamo-nos à estabilidade e íamos transmitindo princípios que valiam para todos e em todos os lugares. A rotina tornou-se normal e a pastoral dispensava a reflexão. Tudo era conhecido e natural.
Os tempos alteram-se e a evolução continua a acontecer com um a rapidez vertiginosa. Alhear-se deste processo significa pouca consciência da missão que nos foi confiada. A Igreja tem de situar-se neste tempo, não ter medo da novidade e caminhar num dinamismo de inovação constante. O que hoje resulta, amanhã pode estar ultrapassado.
Perante esta exigência de permanente mudança, devemos cultivar duas atitudes que, parecendo contrapostas, são complementares.
Por um lado, necessitamos de nos colocar em atitude de escuta da cultura do nosso tempo para aí individualizar as “sementes” do verbo. Pretende-se ouvir as expectativas mais íntimas dos nossos contemporâneos e compreender os seus desejos e ansiedades. Ninguém pode excluir que os não crentes tenham algo de fundamental a dizer-nos. A atitude de S. Paulo no areópago de Atenas é paradigmática: um Deus que era desconhecido e que importava desvendar a sua natureza. Esta mesma atitude de escuta, na nossa arquidiocese, deve, dum modo muito concreto, realizar-se junto dos baptizados que abandonaram. É mais fácil marginalizá-los ou criar-lhe exigências impossíveis do que ouvi-los e caminhar com eles, mesmo que pareçam não ter razão. Para mim esta cultura de sair dos nossos espaços para ouvir, deve ser condicionante da nossa pastoral. Temos caminhos feitos, mas há outros.
Por outro lado – e aqui reside o grande desafio que nos é colocado – nunca poderemos renunciar à diferença cristã, ou seja, à transcendência da mensagem que comunicamos, para pretender encontrar-se com as expectativas mais comuns dos homens que nos rodeiam. Também aqui S. Paulo não nos deixa dúvidas: “Irmãos, eu vos declaro: o Evangelho por mim anunciado não é invenção humana. E, além disso, não o recebi nem aprendi através de um homem, mas por revelação de Jesus Cristo” (Gal 1, 11-12).
O Evangelho tem sempre uma novidade que nunca poderemos adulterar. Ele é Boa Nova para um humanismo mas nas pegadas de Cristo que quis que fossemos participantes da vida divina. Nem sempre o Evangelho agrada. Torna-se, por vezes, exigente, duro, difícil de acolher mas sempre como certeza de nos abrir ao dom duma nova e mais completa humanidade. O mal não está do lado do Evangelho. Poderão ser as nossas interpretações individualistas e adaptadas aos nossos ritmos que não permitem uma experiência completamente humana.
Alguns chamam à conciliação entre estas duas exigências “a paradoxialidade da existência cristã”. É um paradoxo. Já Diagoneto o referia. Ser homens como todos os outros mas marcados pelo divino, para ser a alma que falta ao mundo. Será ousadia? É a nossa missão e responsabilidade: sentir-se chamado a mostrar e transmitir a diferença evangélica para dar uma alma ao mundo.
A pastoral renova-se a partir daqui.

25-11-08
† D. Jorge Ortiga, A.P.
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