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29 Nov 2016
Humanidade, dignidade e fé são os factores de união destacados no I Fórum Missionário
O Presidente da República abriu, juntamente com o Arcebispo Primaz, o I Fórum Missionário.
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  © DACS

O I Fórum Missionário da Arquidiocese de Braga contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga, e do bispo emérito da diocese de Dili (Timor Leste) e Prémio Nobel da Paz, D. Ximenes Belo, para além de outras personalidades convidadas para debater temas em volta da questão “O que nos une a todos?”. A necessidade de união e de uma atitude solidária em virtude do respeito pela dignidade de todos os cidadãos foram vincadas nos diferentes painéis apresentados na Sexta-feira e Sábado passados, no Auditório Vita.

 

Marcelo Rebelo de Sousa: Fechar fronteiras é “negar o património europeu”

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou-se contra o encerramento de fronteiras aos movimentos migratórios e reprovou os actos xenófobos e discriminatórios. “Todos somos essencialmente iguais, temos a mesma dignidade”, afirmou perante uma plateia de quase 500 pessoas. A conferência de abertura, intitulada “O que nos une a todos”, contou com os contributos do Presidente da República e do Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga.

Marcelo Rebelo de Sousa acredita que fechar fronteiras é “negar o património europeu” e lembrou o facto de a “riqueza social [da Europa] ao longo da História” sempre ter dependido do “cruzamento de culturas e civilizações que a atravessaram”.

“Todos somos essencialmente iguais, temos a mesma dignidade”

Marcelo Rebelo de Sousa

A banalização da dor alheia é algo que também preocupa o Presidente da República, que destacou o facto de hoje em dia as pessoas chorarem mais depressa com “as novelas fictícias” que passam na televisão do que com “as imagens das «novelas» reais”.

“Temos o estrito dever de promover a paz, o desenvolvimento, os direitos fundamentais e de combater a pobreza, a miséria a opressão, as desigualdades e as injustiças, dos mais próximos aos mais distantes, passando pelos migrantes, pelos refugiados, pelos deslocados, pelos ostracizados”, afirmou.

Indo ao encontro da interrogação que a conferência impõe, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que aquilo que nos une a todos “é a humanidade em todos os tempos, espaços e modos”, passando pelo respeito pela dignidade da pessoa humana.

Enquanto cristão convicto e professor, reconhece-se como um optimista: “Um cristão tem de ser optimista senão não está a ser fiel aos desígnios da sua fé. Um professor só pode ser optimista, porque tem de dar esperança aos seus alunos”.

No que diz respeito ao ser-se missionário, o Presidente da República acredita que todos os cidadãos, independentemente do credo, deverão procurar ser missionários. “Ser-se missionário hoje não implica obrigatoriamente ir-se para longe, para um outro país. Pode-se ser missionário na nossa família, na nossa rua, na nossa empresa ou grupo de amigos. Tal como diz o Papa Francisco, onde é preciso ser-se missionário é nas periferias da nossa sociedade”, reforçou.

 

D . Jorge Ortiga: “Solidariedade, amizade e humanismo” são factores de união 

Para o Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga, “a solidariedade, a amizade e o humanismo” são factores de união entre todos, sejam cristãos "ou simplesmente filantrópicos”. D. Jorge Ortiga acredita que o fundamental é que haja diálogo, o que se traduz na “transformação da realidade pela palavra”. A violência, referiu, “apenas gera violência”, enquanto a palavra “aproxima, transforma e gera, segundo o pensamento do Papa Francisco, a cultura do encontro”.

Na definição daquilo “que nos une a todos”, o Arcebispo Primaz destacou a importância da memória, considerando ser esta a primeira dimensão dessa união. Na sua opinião, a coesão nacional sairá reforçada se todos respeitarem a memória colectiva, tendo em conta que “sem memória não há identidade nem futuro”.

O prelado acredita que “por mais que se tente eliminar do preâmbulo da Constituição Europeia, o velho continente tem raízes e uma matriz judaico-cristã”. “Une-nos a todos, permitam-me dizê-lo abertamente, a fé e os valores do Evangelho”, acrescentou.

 

Os refugiados que a Europa vê como "números em folhas de Excel"

"Refugiados no século XXI", "Desporto no mundo globalizado", "A mulher na sociedade" e "Comunicação social: convivência entre o local e o global" foram os temas das conferências que decorreram no segundo dia do Fórum, com D. Carlos Filipe Ximenes Belo, bispo emérito de Dili, a protagonizar a conferência de encerramento.

No primeiro painel do dia, "Refugiados no século XXI", Catarina Martins, da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), Eugénio da Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, e Júlio Santos, do Instituto da Educação da Universidade do Minho assinalaram a solidariedade como o aspecto que une os portugueses. Os oradores atribuem o apoio solidário aos refugiados à matriz cristã que marca a identidade social portuguesa.

Catarina Martins destacou o facto de as estimativas apontarem para a existência de "24 pessoas refugiadas por hora" e de haver "mais de mil grupos radicais em conflito" na Síria, apesar de as notícias não o citarem. "A guerra é económica, embora a religião a alimente", acrescentou.

A representante da Fundação AIS, que tem estado em contacto directo com os refugiados sírios, sublinhou que aquilo que lhes causa maior dor "é verem uma Europa que não olha para eles como pessoas". "São apenas números, em folhas de Excel", rematou.

A questão dos cristãos no Iraque também preocupa Catarina Martins: de 1,5 milhões de cristãos “restam cerca de 250 mil, e provavelmente nos próximos cinco anos não existirá um único cristão no país”. Uma situação que classifica de “genocídio”, perante o qual “ninguém faz nada”. Fica o pedido de oração por estas pessoas e de que se fale da situação.

"A guerra [na Síria] é económica, embora a religião a alimente"

Catarina Martins

O presidente da Cáritas Portuguesa também não poupou críticas à inacção dos políticos europeus face aos problemas dos refugiados, apontando o facto de criarem “dificuldades burocráticas”, enquanto se esquecem que “estas pessoas estão a fugir da morte e nem todas estão a conseguir”.

Perante o compromisso da União Europeia em acolher e distribuir 160 mil refugiados, firmado em Outubro de 2015, Eugénio Fonseca lembra que após um ano “apenas 7 mil foram distribuídos”.

Já Júlio Santos realçou, sobre a questão da educação, que apenas 1% dos refugiados têm acesso ao ensino superior.

 

União, respeito, humanidade e dignidade: o caminho para uma sociedade melhor

Sobre a comunicação social, no painel “Comunicação social: convivência entre o local e o global”, o Pe. Tony Neves, Superior da Congregação do Espírito Santo, e os jornalistas Paulo Moura e Patrícia Pedrosa alertaram para o perigo de as redes sociais poderem conduzir a uma divisão, mais do que a uma união.

No painel “A mulher na sociedade” estiveram presentes Elizabeth Challinor, do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA), Shahd Wadi, da Embaixada da Palestina, e Sheila Khan, da Universidade do Minho. As oradoras apontaram o caminho que ainda falta percorrer, mas assinalaram as vitórias já alcançadas no sentido do respeito pelas mulheres e pela dignidade da humanidade.

"A fé e a humanidade unem-nos"

D. Ximenes Belo

A encerrar o segundo dia do I Fórum Missionário esteve o bispo emérito de Dili (Timor Leste), D. Ximenes Belo. “O que nos une, em primeiro lugar, é a humanidade: homens ou mulheres, brancos ou negros. Temos todos a mesma natureza e temos todos o mesmo destino”, referiu o Prémio Nobel da Paz.

Acerca da missão, D. Ximenes Belo enfatizou a necessidade de dar o testemunho, através de exemplos, mais do que falar. “A fé e a humanidade unem-nos”, concluiu.

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