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D. Jorge Ortiga | 9 Out 2007
Fátima "criatividade no dar Deus ao mundo"
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O livro de Tobias apresenta-nos uma história maravilhosa. O seu autor pretende suscitar coragem perante uma situação difícil do povo, ameaçado pela prepotência dos grandes em relação aos pequenos e pelo desprezo de Deus que os mesmos pretendiam impor. Reinava uma grande inquietação e começava a surgir a dúvida sobre a capacidade de Deus em dar força ao povo fiel. O testemunho e a coragem de Judite reacendem a vontade de lutar pela liberdade e a necessidade de louvar a Deus que tem sempre força para vencer os ídolos dos opressores.
Para isso foi necessária imaginação criadora por parte de Judite que Ozias louva e agradece «Que Deus te exalte sempre e te dê prosperidade, porque não vacilaste em expor a própria vida por causa da humilhação da nossa gente, mas vingastes a nossa ruína, indo directamente ao alvo diante do nosso Deus» (Jud. 13,20).
O Evangelho expressa a perplexidade de Maria e José em entender o que estava a acontecer de novo na pessoa de Jesus Cristo, empenhado em «estar na casa do Pai». Não compreendendo, Maria «conservava no coração todas estas coisas» (Lc, 2,51).
Um congresso comemorativo dos 90 anos das Aparições em Fátima procura intuir o lugar de Fátima no séc. XI. Penso ser impossível delinear um projecto completo e conclusivo, individuando estratégias e propondo caminhos claros e seguros.
Fátima continuará a expressar uma novidade que não se compreende na linha sociológica. O factor sobrenatural será sempre o único paradigma como ajuda a compreender algo do que se «passa» aqui e «passa» para a vida das pessoas. Nunca se explica Fátima racionalmente. A mensagem vem do Alto como do Alto teria «descido» Maria para permanecer alguns momentos na Azinheira. Fora desta perspectiva, os números deturpam uma realidade.
Importa, por isso, num século de confrontos nas mensagens que circulam, que Fátima seja local de silêncio para um encontro pessoal de alguém que quer guardar no coração um apelo à conversão e à fidelidade. Este espaço terá lugar na história da Igreja e da Comunidade se «falar» para além da lógica dos acontecimentos. Os pais de Jesus estavam na preocupação do humano a respeitar; Maria conservou uma mensagem que se tornou ajuda para ler todos os restantes acontecimentos da história de Cristo. Precisamos duma nova chave de leitura dos acontecimentos. Fátima, para quem passa por cá, pode ser esta ajuda.
Ouvir a história para a entender exige ou pode exigir uma capacidade de imaginar respostas novas. Hoje não aceitamos a lógica da destruição de tudo quanto é contrário à nossa maneira de ser e de agir. Judite não vacilou mas arriscou a vida. A sua coragem destruiu os inimigos e restabeleceu a liberdade de vida em Deus e respeito por todos.
Estamos numa nova época que não poderá ser de mero confronto. Na verdade, o caminho da Igreja, como foi o de Maria, é o do amor interventivo que encerra, dentro de si, uma força renovadora. Poderá parecer algo inútil. Não temos outra arma. Basta-nos a integração sem nos deixarmos confundir. Esta integração nunca pode ser uma mera resignação e permitir que alguns conduzam os destinos da história.
Fátima pode e deve tornar-se, nesta encruzilhada dum novo milénio e duma nova era, um dom de Deus para compreender o que Cristo quer da Humanidade para que, correspondendo à sugestão de Maria, façamos «o que Ele nos disser». Importa saber o que Ele nos diz e predispor-se para «fazer» o que Ele vai dizendo sempre duma maneira nova e irrepetível e em cada momento presente.
Nesta perspectiva, Fátima terá de ser proposta inequívoca duma nova evangelização. Os seus serviços devem ter esta finalidade única, sabendo que, na fidelidade à doutrina da Igreja, há linguagens novas que urge usar e incrementar. Cristo não se repete mas só será conhecido se servindo-nos da Palavra divina, soubermos efectivar uma proposta com a linguagem humana na policromia de sugestões. A Palavra divina tem de tornar-se audível e inteligível pelos homens de hoje. Em simultâneo, quem visita Fátima deveria ter, sempre, este desejo de «ouvir» Cristo para «fazer» tudo e só o que Ele disser. Apetece dizer que o importante do Santuário está fora dele por aquilo que aqui se experimenta e vive. No quotidiano da vida teremos de mostrar a «validade» e «actualidade» de Fátima.
Fátima neste século XXI deveria, por isso, tornar-se coragem e ousadia para acreditar que Cristo através dos valores evangélicos, tem algo de dizer ás pessoas e à Sociedade. Se O acolhermos – e, por parte da Igreja, dermos a prioridade a esta Sua presença o mundo compreenderá Fátima. Haverá sempre uma tendência para interpretar este local segundo os critérios comuns. Assim Maria nos ajude a partir, sempre, do essencial que reside neste encontro com Cristo que continua a passar e chamar pelo nome para um encontro de muita intimidade à semelhança daquela que Maria sentiu no seu seio Imaculado.
Fátima para o séc. XXI – Congresso Comemorativo dos 90 anos.
9-10-07.
† D. Jorge Ortiga, A. P.
Presidente da C.E.P.
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