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13 Set 2014
A fé diz-se na caridade
No dia arquidiocesano do catequista, D. Jorge Ortiga proferiu uma conferência com a temática "Uma Igreja que se diz pela caridade".
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O Dia Arquidiocesano do Catequista situa-se sempre no início do Ano Pastoral. Isto significa que a catequese se deve nortear sempre pelo Programa Pastoral e que os catequistas, na comunidade paroquial, devem testemunhar, na vida e na catequese, a sintonia permanente com o mesmo sem se desfocar da vocação específica de comunicar a fé às crianças e adolescentes.

Não preciso de vos apresentar muitas ideias novas. Faço, apenas e só, recurso do que já está escrito. Peço-vos que expliqueis a outros para que também se apaixonem pelo dever de deixar-se conduzir e guiar pelo Programa Pastoral.

Como vivemos numa sociedade de imagens, começo por sublinhar algumas intenções do cartaz escolhido para este ano. São cinco tópicos dos quais se podem extrair muitas outras conclusões.

  1. A primeira ideia que nos é apresentada é a figura de uma árvore. A árvore que tem a sua raiz e só depois se expande para o exterior. Está escondida mas sem ela a vida não acontece. Se queremos descortinar confins novos para a vivência da fé nunca poderemos esquecer que o chão firme e fértil onde nasce a árvore da fé vivida é a fé professada com ousadia e celebrada com consciência participativa. Os frutos acontecem quando não se esquece nem se dispensam as raízes.

2. A árvore é sempre uma metáfora maravilhosa naquilo que mostra em relação à missão da igreja. Ela testemunha a unidade dum corpo capaz de exigir a concórdia entre todos os membros para uma vida solidária e fraterna que circula em todos. É só o sangue do amor de Cristo que deve circular em todos e entre todos. Não poderá deter a força da fé perante este objectivo de tornar o mundo uma única família e a Igreja (ou comunidade paroquial) um instrumento para que isso aconteça.

3. A ramificação da árvore está a dizer-nos que a fé não é uma simples experiência intimista que acontece entre Deus e as pessoas. Ela aparece em todos os ambientes da vida humana.

“A fé (árvore) tem origem na terra criada pelo amor de Deus, sustento no tronco do mistério da cruz de Cristo e expressão nas ramificações dos ambientes humanos habitados pelo Espírito Santo”. Se a fé não se “vê” nas palavras e nos silêncios, na presença dos cristãos em todos os ambientes que caracterizam o mundo, ela está a ser estéril. O cristão é um sinal da maravilha que é deixar-se encontrar por Cristo e permitir que Ele seja o centro de uma sociedade nova.

4. Os ramos com folhas apresentam-se com a forma de coração que sabemos ser um símbolo do amor e da caridade. Poderemos fazer muita coisa por Cristo e pela Igreja. Se o que fazemos não expressa caridade, a coerência não acontece. Somos cristãos se amamos e fazemo-lo pelos gestos e acções assim como pela presença espiritual junto de todos numa proximidade que não é indiferente mas se torna calorosa e repleta de sinais. Trata-se de proporcionar a todos uma solução integral que responde às necessidades materiais e espirituais.

5. A cor escolhida, dento do quinquénio, foi o vermelho que nos recorda a vida dos mártires que deram testemunho da fé. Se a fé se expressa na diakonia (amor-caridade), ela deve chegar à martyria: um testemunho inequívoco do amor de Deus. A caridade na Igreja, como amor entre os cristãos e atenção aos mais carenciados, é o nosso sinal distintivo e está sempre a exigir uma solicitude mais terna e amiga.

Quando, como pano de fundo do cartaz, colocamos o dourado estávamos a pedir aos cristãos e às comunidades uma pastoral de ouro, isto é, de qualidade. Não nos contentamos com mediocridade ou rotinas. Teremos de sair para uma pastoral mais perfeita e adaptada aos nossos tempos.

Para além das cinco ideias sugeridas pelo cartaz, quero sublinhar mais três perspectivas extraídas do Programa. São tópicos a necessitarem de maior aprofundamento.

a. Todos os anos temos escolhido uma frase bíblica pois queremos que tudo parta da Palavra de Deus. Para a fé vivida servimo-nos de S. Tiago. “A fé, se ela não tiver obras, está completamente morta”. (Tg 2, 17). Ouvimos, por vezes, algumas pessoas que afirmam “eu tenho a minha fé” e vivem conforme lhes apetece interpretando a vida cristã a seu bel-prazer. Nós pretendemos sublinhar que a fé e as obras são a mesma vida cristã. A fé manifesta-se nas obras e estas mostram a qualidade da nossa fé. Daí que digamos no Programa Pastoral que é necessário “reaprender a gramática elementar da caridade” uma vez que Deus é Amor e nós estamos em Deus se estamos no amor.

b. Conscientes da importância das obras de amor teremos de voltar a conjugar com verdade o que a catequese nos sintetizou nas obras de misericórdia. Estas são um caminho a viver e a ensinar. Não foi por acaso que escolhemos o documento conciliar, Gaudium et Spes, como texto para refletir e concretizar. Não esqueçamos que ele começa do seguinte modo: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens do nosso tempo, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo, e nada existe de verdadeiramente humano que não encontre eco no seu coração.” (GS 1)

c. Queremos, também, caminhar com o Papa Francisco interiorizando A Alegria do Evangelho e fazemo-lo vivendo essa alegria no encontro com Jesus Cristo e no encontro com outros. Teremos muitas coisas para fazer e a caridade vai exigir-nos muito trabalho e solicitude. Importa que sublinhemos sempre esta urgência de um encontro com Cristo como razão e motivo do nosso encontro com os outros. Não partimos imediatamente para o exterior, para o campo de trabalho. Queremos promover ou renovar um encontro pessoal com Cristo procurando-o antes de tudo e sem cessar. Só Jesus é “a chave, o centro e o fim de toda a história humana” (GS 10)

Este encontro com Cristo não nos separa do encontro com os irmãos. Hoje a missão da Igreja não é diferente da missão de Cristo. Vamos ao encontro das necessidades dos seres humanos porque neles encontramos o mesmo Jesus e sabemos que Ele não pode esperar. Queremos uma Igreja que identifica o seu caminho com o caminho dos homens e queremos que ela “esteja marcada pela prática da caridade fraterna, que não fique à espera das pessoas, mas que vá ao seu encontro.” Este sair e ir ao encontro dos pobres e dos mais carenciados torna-se a verdadeira identidade da Igreja e queremos que ela seja pioneira nesta cultura da caridade ou cultura do dar para que o mundo se torne família com lugar para todos.

Quis deixar oito ideias que repito:

- Fé vivida com raiz na fé professada e celebrada.

- A árvore como exigência de concórdia e unidade.

- Os ramos sinal dos ambientes onde a fé deve frutificar.

- As folhas da árvore em forma de coração símbolo da caridade.

- A cor vermelha exigência do testemunho (martyria) e certeza da qualidade da pastoral.

- Fé e obras em articulação.

- O Evangelho gera alegria.

- Vive-se a alegria no encontro com Jesus e no encontro com o próximo.

Com estes itinerários poderemos mostrar que a fé faz-se caridade e que a caridade mostra a fé. É um caminho que os catequistas devem percorrer por exigência pessoal e para serem referência para as crianças e para toda a comunidade.


Sameiro, 13 de Setembro de 2014


+ Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz

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