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18 Jun 2015
Homilia na despedida da Virgem Peregrina
Na despedida da Virgem Peregrina, o Arcebispo pediu para que Maria nos ajudasse a crecer na fé.
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  © P. Tiago Freitas

MARIA, AJUDA-NOS A RECUPERAR O SÍNODO DIOCESANO

HOMILIA NA DESPEDIDA DA VIRGEM PEREGRINA

14 Junho 2015 – Esposende – 18h30

A nossa vida é marcada por acontecimentos, pessoas, histórias, pensamentos. Há coisas que entram em nós e alteram a nossa rota existencial.

A minha devoção a Maria encontrou um sentido novo quando, nos primeiros anos do meu sacerdócio, encontrei uma meditação que me levou a amar Maria de um modo diferente. Intitula-se “Porque quero revê-la em Ti”. A partir desse momento, encontrei Maria na necessidade de a imitar, de ser alguém que reza orações tradicionais mas procura muito mais.

Nesta despedida da Virgem Peregrina, olhando para os 14 arciprestados por onde a imagem passou e neles para todas as paróquias, quero, em atitude de prece, rezar com esse texto e pedir a Maria que nos ajude a crescer na fé.

 “Entrei na Igreja um dia 

e com o coração cheio de confidência 

perguntei-Lhe: «Porque quiseste ficar na terra, 

em todos os lugares da terra, 

na dulcíssima Eucaristia 

e não encontraste um modo, 

Tu que és Deus, 

de trazer e deixar também Maria, 

a Mãe de todos nós, que peregrinamos?»

No silêncio, parecia responder;

«Não a trouxe porque quero revê-la em ti.

Ainda que sejais imaculados,

 o meu Amor vos virginizará, 

e tu, vós, 

abrireis os braços e os corações de mães 

à humanidade que, como outrora, 

tem sede do seu deus e de sua Mãe.

A vós, suavizar as dores, 

as chagas, enxugar as lágrimas.

Canta as ladainhas e procura espelhar-te nelas.”

Nesta prece do desejo de sermos, sacerdotes e leigos, pequenas Marias, destaco cinco aspectos do Evangelho, o qual nos fala da parábola da Semente. A mesma semente entregue no final do Sínodo Diocesano, realizado de 1994 a 1997 com o grande objectivo de “Evangelização e paróquia: novos desafios e novas respostas”. Como foi belo aquele momento! Não teremos possibilidade de o repetir? 

No próximo ano pastoral iremos trabalhar a dimensão missionária da fé. Move-nos a consciência de que Cristo foi o missionário por excelência e de que devemos trabalhar em ordem a uma sociedade mais justa, aqui ou em lugares mais abastados. Talvez tenhamos, nos tempos que correm, de nos deixar convencer que a missão mora ao nosso lado. Dizemos ser uma sociedade maioritariamente católica. Sê-lo-emos de facto? Enquanto comunidade cristã, não estaremos a agir segundo este (frágil) pressuposto e a alhear-nos da realidade que nos circunda?

O Sínodo Diocesano viveu a bonita experiência de dinamizar mais de 1.500 grupos sinodais. Houve reflexão, oração e propostas de renovação das comunidades. Os resultados foram, na teoria, maravilhosos. E na prática?

Um dos grandes objectivos da Visita da Virgem Peregrina a todas as dioceses de Portugal é a renovação pastoral da Igreja. Peço à Senhora que nos conceda o dom de repetirmos a experiência de constituir grupos, a nível paroquial e interparoquial, de Formação para a Missão. Serão 1500? É secundário. Fundamental é que readquiramos a alegria e a esperança de caminhar sinodalmente, isto é, em conjunto, em unidade, em comum.

Este nosso trabalho leva-nos à vivência do Evangelho de hoje. Foi ele que me trouxe à mente o saquinho de sementes entregue na Sé Catedral no dia do encerramento do Sínodo. O que nos sugere, então, o Evangelho de hoje e em que poderá ajudar-nos a recuperar a dinâmica e os compromissos do Sínodo?

1. A semente foi lançada à terra. A missão da Igreja, como Povo de Deus – sacerdotes e leigos –, é lançar a semente à terra do mundo. Um mundo feito de realidades novas e à espera de sementes novas. Essas sementes, colocadas no seio das problemáticas e desafios hodiernos, produzirão, a seu tempo, fruto.

Nunca nos podemos esquecer que a semente é sempre pequena em confronto com as forças presentes na história hodierna. Importa ter, sem vergonha ou complexos, um espírito humilde e consciência da nossa pequenez.

2. A semente germinou. Hoje são necessários cuidados acrescidos para que a semente germine. Ela é frágil e, por isso, requer muita dedicação e serviço. Não basta lançá-la se não cuidamos dela com o carinho de ver algo a nascer. Ela germinará, certamente, se a colocarmos nos diversos ambientes da civilização. A “pastoral de saída” convida-nos a ir onde as pessoas se encontram. O pastor não espera. Procura. Cuidar, sair, procurar são hábitos novos.

3. A semente cresce. Sentir alegria por anunciar é o primeiro requisito para ver os frutos das sementes deitadas à terra. Importa que os outros vejam a nossa convicção e testemunho e que estes sejam credíveis. A arrogância, pelo contrário, destrói qualquer acção evangelizadora. Mas, para que o crescimento aconteça de verdade, nunca nos poderemos contentar em sermos agências de serviços. Precisamos de ser contemplativos. A pastoral hodierna sem oração, pessoal e de grupo, não resulta. Alguns poderão pensar que é perder tempo. Só a partir deste contacto directo com Deus, os frutos surgirão.

4. Produz fruto. O fruto é o que mais ansiamos. Hoje, muitos contentam-se com novidades sem conteúdos e alimentadas por um sentimentalismo emotivo e efémero. A pastoral, para dar frutos, tem de ser pensada e reflectida individualmente e pelos diferentes grupos de sacerdotes e leigos. Apenas com um pensamento intenso veremos alguns frutos a acontecer, principalmente no domínio público. Onde estão os católicos na vida pública? Não serão eles necessários para que a política reencontre a confiança dos portugueses e ofereça motivos para esperar um futuro melhor?

5. As aves do céu vêm abrigar-se às sombras. As agruras da vida moderna são muito complexas e complicadas. A vida é sofrida e as pessoas necessitam de lugares retemperadores e colhedores. É esta capacidade de acolhimento de todas as pessoas, e esta presença da Igreja em todos os ambientes, num clima de respeito e tolerância pelo diferente, que fará com que ela seja alternativa a outras propostas. Outrora os conventos acolhiam e marcavam a sociedade com verdadeiras revoluções culturais e civilizacionais. Se formos fiéis ao ADN da semente, que primeiramente nos alimenta e só depois nos dá o direito de esperar os frutos, encontraremos a alegria do Evangelho.

Maria, Virgem Peregrina, Mãe de Jesus e discípula missionária, faz com que as nossas comunidades se renovem através desta graça de nos tornarmos “pequenas Marias”. Concede-nos o dom de nos apaixonarmos por um trabalho de conversão pessoal e de renovação pastoral. Ensina-nos a semear a pequenina semente do Evangelho; a oferecer a ternura e a delicadeza para que germine; a fazer com que cresça nos diversos ambientes tornando-nos verdadeiros adoradores de Cristo que quis ficar connosco e entre nós; a saborear os frutos dentro das paróquias e na sociedade civil, conscientes da necessidade de uma formação permanente; a sermos pontos de alegria que acolhem a todos para que recuperem a esperança e os mais frágeis a possibilidade de usufruírem das condições mínimas para uma vida digna.

Senhora de Fátima, viestes visitar-nos. A tua presença deixará marcas nesta vetusta Arquidiocese e fará com que seja verdadeiro sacramento universal de salvação. Fica connosco. Nós aumentaremos o tradicional amor do Povo do Minho à Mãe do Céu tornando-nos discípulos missionários pelo Reino de Deus.

+ Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz


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