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CMAB | Braga| 16 Out 2014
Cooperação entre a Arquidiocese de Braga e a Diocese de Pemba, Moçambique
† Luiz Fernando Lisboa, cp, Bispo de Pemba
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  © + Luiz Fernando Lisboa, cp | Pemba, Moçambique

Um cristão perguntou ao outro para o provar: “Você é batizado ou é missionário?” A resposta veio com segurança: “Sou batizado e, por isso, sou missionário!”

Todo o batizado é missionário. Quem não vive a sua missionariedade não vive o seu batismo. Simples assim. Houve um tempo em que se pensava que ser missionário era para o padre, a irmã, o bispo. Muitos ainda pensam assim, mas é preciso mudar a mentalidade. A Igreja tem mostrado nos últimos anos que o cristão deve atuar em todo ambiente em que se encontra, deve ser um sinal de Deus para transformar o mundo, para construir o Reino: ser um discípulo missionário, uma discípula missionária de Jesus.

Além de estar disposto para a missão do dia a dia no seu trabalho, na sua escola, no seu bairro, na sua comunidade e paróquia, o cristão e toda a Igreja devem sentir-se desafiados para a Missão Ad Gentes, ou seja, além das fronteiras geográficas, existenciais, culturais. Em outras palavras, uma “Missão Inter Gentes”. Isso não é simples, nem fácil. Supõe ser um cristão, uma Igreja “em saída”, aberto às novas realidades, às novas periferias, como convida o Papa Francisco na sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, nº 20.

A nossa Diocese de Pemba, antes chamada de Porto Amélia, no Norte de Moçambique, foi fruto da Missão Ad Gentes. Vieram para cá missionários e missionárias de várias nacionalidades. Muitos eram portugueses, sobretudo os Missionários da Boa Nova, de Cucujães. Desse grupo foi nomeado nosso primeiro Bispo: D. José dos Santos Garcia, um missionário incansável e empreendedor.

Com o trabalho dos missionários/as, nossa Diocese nasceu, cresceu e conta hoje com mais de 800 comunidades cristãs, espalhadas por toda a Província de Cabo Delgado que possui 82.625 Km2. São 22 Paróquias, algumas delas imensas, com 50, 80, 100 e até 150 comunidades.

Contamos com 21 padres, 1 diácono e cerca de 60 religiosas. Em algumas paróquias não há padre e em alguns distritos não há paróquia.

A língua oficial no país é o português, que, em Cabo Delgado, é falado por apenas 3% da população. Falam-se outras línguas locais: Emakhuwa (67,40%), Shimakonde (19,70%), Kimwani (6,30%) e outras (2,50%).

Nestes últimos tempos, Cabo Delgado está a transformar-se. A descoberta de gás natural e de muitas minas de pedras preciosas, semi-preciosas, grafite, entre outros, trouxe uma nova dinâmica e mudanças assustadoras para a Província. A descoberta de grandes reservas de hidrocarbonetos na Bacia do Rovuma atraiu grandes empresas internacionais de gás natural. A norte-americana Anadarko e a italiana Eni destacam-se no volume de investimentos para a construção de até dez fábricas de gás natural liquefeito, um megaprojeto apenas superado por outro semelhante no Qatar. À semelhança dos outros, estes projetos que já mudaram o panorama de Pemba, Palma e outros distritos, estão a assustar a população que ainda não vê melhorias na sua vida e tampouco benefícios imediatos com os tais projetos.

Cabo Delgado, assim como todo Moçambique, é cheio de riquezas naturais, mas o seu povo é pobre. Os índices sociais de Cabo Delgado e Moçambique assustam, porém há muita esperança. Em Cabo Delgado, segundo uma recente pesquisa feita pela Empresa Eni, 46% da população tem menos de 15 anos e 17% da população tem menos de 5 anos de idade. Em outras palavras, a maioria da população é jovem e a expectativa de vida ainda é muito baixa.

A África não é um apêndice do mundo, tampouco fotocópia do ocidente. É antes de tudo, um povo com uma variedade imensa de tribos, etnias, sociedades, cores, tradições, ensinamentos. Segundo as últimas teorias antropológicas a humanidade teve sua origem naquele continente. Não só por isso, mas também por isso, a África precisa ser escutada, valorizada, respeitada.

A Igreja, por ser católica, é universal, e por isso mesmo, a sua missão de evangelizar não conhece fronteiras. A evangelização destina-se a todos os povos, a todas as culturas. Evangelizar não é impor, mas propor, não é tirar, mas acrescentar, não é pregar, mas dialogar. A evangelização é processo e supõe respeito, diálogo, aprendizado, tempo, atenção, sensibilidade.

Na evangelização, para que haja inculturação do Evangelho, é preciso ter a consciência de que não há destinatários, mas interlocutores. É neste diálogo respeitoso e constante que todos saem fortalecidos. É um dar e um receber. Por isso essa cooperação missionária entre Braga e Pemba tem tudo para dar certo. Ambas vão crescer!

Missão é sair. Sair significa ter compaixão. Foi o que fez Jesus: saiu de Nazaré; o que o impulsionava era a compaixão. E a melhor maneira de falar de Deus é servir os pobres. Cada

um de nós deve tocar os pobres com as próprias mãos. O Papa Francisco diz de maneira muito forte, que “qualquer comunidade da igreja, na medida em que pretender subsistir tranquila sem se ocupar criativamente nem cooperar de forma eficaz para que os pobres vivam com dignidade e haja a inclusão de todos, correrá também o risco da sua dissolução, mesmo que fale de temas sociais ou critique os Governos. Facilmente acabará submersa pelo mundanismo espiritual dissimulando em práticas religiosas, reuniões infecundas ou discursos vazios” (EG 207).

Mas... “a maior discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual. A imensa maioria dos pobres possui uma especial abertura à fé; tem necessidade de Deus e não podemos deixar de lhe oferecer a sua amizade, a sua bênção, a sua Palavra, a celebração dos Sacramentos e a proposta dum caminho de crescimento e amadurecimento na fé. A opção preferencial pelos pobres deve traduzir-se, principalmente, numa solicitude religiosa” (EG 200).

Bem haja Dom Jorge e Arquidiocese de Braga por aceitar-nos como parceiros.

Irmãos já somos!

Artigo publicado no Suplemento Igreja Viva de 16 de outubro de 2014.

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