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Carlos Nuno Salgado Vaz | 9 Jul 2016
Décimo Quinto Domingo (Ano C)
O evangelho apresenta-nos uma das parábolas mais elucidativas do que é o essencial na vida cristã: amar efetiva, afetiva e generosamente o próximo, porque é nesse amor que manifestamos se de verdade amamos a Deus.
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O evangelho que escutaremos este Décimo Quinto Domingo (Ano C) apresenta-nos uma das parábolas mais elucidativas do que é o essencial na vida cristã: amar efetiva, afetiva e generosamente o próximo, porque é nesse amor que manifestamos se de verdade amamos a Deus.

O fariseu que interpela Jesus sobre o que deve fazer para alcançar a vida eterna sabe bem a resposta e até mostra que sabe fazer a ligação essencial dos mandamentos da antiga Lei: amar a Deus com todas as forças e todo o entendimento (Deuteronómio 6, 5) e ao próximo como a si mesmo (Levítico 19, 18).

Jesus corrobora a resposta do fariseu, dando-lhe uma indicação absolutamente revolucionária: «faz isso e viverás». «Faz»! Não basta «saber». É a vida que comprova se assimilamos ou não a palavra do Senhor. Diz Dom António Couto que o doutor da Lei, que abre o diálogo com Jesus, foi pedagogicamente conduzido por Ele a saber talvez mais do que queria fazer, e talvez menos do que queria saber.

Parábola do bom samaritano

Mesmo assim, continua o diálogo procurando clarificar quem é o próximo a amar. E é sobre este próximo que gira o diálogo em que entra em cena o homem samaritano, para finalmente chegar à conclusão de que, mais do que saber que são todos os que precisam de amor concreto, o que realmente importa é aproximarmo-nos nós sempre que as circunstâncias nos colocam diante alguém que precisa que nos aproximemos cheios de carinho, tempo e generosidade.

A descrição pormenorizada que é feita das atitudes do homem samaritano que se aproxima do que jaz por terra ferido, semimorto, mostra que a primeira grande qualidade do verdadeiro amor é que ele tem de ser afetivo, isto é, tem de espelhar que quem se aproxima o faz do mais íntimo das suas entranhas, como o sugere a palavra grega e a hebraica em que se fundamenta e que nós traduzimos por «compadeceu-se».

O samaritano não presta ajuda contrariado, para evitar cometer um pecado de omissão, ou sequer para ter mais algum mérito diante do seu deus – se é que o tinha, porque eram considerados «pagãos», gente sem Deus, pelo menos sem o Deus de Israel. Não!

«Compadeceu-se»

O samaritano «compadeceu-se», comoveu-se do mais fundo das suas entranhas perante aquele homem ferido. Foi o coração que o mobilizou para prestar socorro. E aqui entra a segunda característica do verdadeiro amor: é algo concreto, efetivo.

Ele aproxima-se, baixa da sua montada, debruça-se sobre o homem que jaz por terra, liga-lhe as feridas deitando azeite e vinho, levanta-o, põe-no sobre a sua montada, leva-o até ao estalajadeiro onde ele possa ficar minimamente confortável para recuperar, pede ao dono da estalagem que cuide dele com carinho, dá-lhe uma quantia de dinheiro para ir pagando as despesas de hospedagem e de tratamento e garante-lhe ainda que, na volta, se certificará se o dinheiro chegou ou deve pagar ainda uma determinada quantia. Tudo isto nos mostra que não se trata de enxugar vagamente umas lágrimas, nem de apenas sentir um pouco de misericórdia, o que é demasiado fácil.

O samaritano mostra com as suas atitudes que leva a sério o amor ao próximo, apesar de ser um inimigo. Mais: mostra grande generosidade no socorro prestado: dedicou-lhe um dia e uma noite; não o despachou com uma esmola, mesmo que seja generosa; mudou o seu plano de viagem para o poder ajudar e tudo fez para que realmente pudesse ser tratado e curado, responsabilizando-se por todas as despesas.

Serviço aos pobres

Sabemos que o verdadeiro Samaritano, o Bom Samaritano é Jesus. Mas nós só podemos realmente ser seus discípulos se levarmos muito a sério o amor ao próximo, dando do nosso tempo, cuidados e energias.

Esta parábola leva dentro de si uma grande revolução. Por isso dizia São Vicente de Paulo: «O serviço aos pobres deve ser preferido a todos os outros. Podeis inclusive deixar de ir à missa aos domingos e dias festivos se a tanto fordes obrigados para poder prestar serviço aos pobres». E é lógico que assim seja, pois como afirmava Santa Teresa de Jesus: «trata-se de deixar Deus por Deus; deixar o Deus da Eucaristia pelo Deus do próximo que é o que mais de nós necessita». Mas, graças a Deus, haverá sempre tempo para tudo. E por isso vimos encontrar-nos com o Deus da Eucaristia para irmos cheios de generosidade a encontrar-nos com o mesmo Deus no necessitado que está à nossa espera.

A mensagem desta parábola é explosiva: quem ama o próximo, certamente também ama a Deus. Os «samaritanos» de todos os tempos que amam de verdade os irmãos, talvez sem o saberem, estão a adorar o verdadeiro Deus.

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